domingo, 15 de dezembro de 2024

não aprendi nenhuma palavra nova

que não venha numa receita médica 

não conheço nada que não se tome

de oito em oito, de doze em doze horas

antes ou depois das refeições.

é preciso forrar o estômago de mágoas 

lamber as feridas, alimentar os vícios 

é preciso sobreviver até ao avesso do osso

é preciso estar cá para contar a história 

é preciso ter história como é preciso ter estômago 

e é preciso saber parar e saber andar

e, afinal, respirar é uma ciência

e fica tudo por dizer.

sábado, 14 de dezembro de 2024

não resta nada para lá da brutalidade do amor

o encontro dos corpos que se esquecem

eu e tu num nó amorfo, entrelaçados no compasso dos dias iguais

a tragédia com que nos desconhecemos

e a tua mão, e o teu rosto, num fuso horário distante


já sei o teu nome

já só sei o teu nome

os outros traços, que escrevemos com lábios, com lascívia e sem sacrifício estão pendurados na acidez dos dias

já não sei o meu nome

a voz que me aguarda

num túnel sem luz





não aprendi nenhuma palavra nova que não venha numa receita médica  não conheço nada que não se tome de oito em oito, de doze em doze horas ...